Hidrelétricas se preparam para aumentar capacidade
Para atender o pico de demanda, tem sido cada vez mais frequente o uso da energia de usinas térmicas a gás e a óleo combustível, que são mais caras. 29/03/2012 Leia mais A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) busca a melhor forma para estimular investimentos na ampliação da capacidade de pelo menos 13 hidrelétricas em 5.203 megawatts (MW) - o equivalente à potência instalada das usinas de Santo Antônio (Rondônia) e Teles Pires (na divisa entre Mato Grosso e Pará) juntas. Nove empresas - Cemig, Cesp, Chesf, Copel, Duke, Eletronorte, Emae, Endesa e Tractebel - já comunicaram formalmente à Aneel que querem investir em novas turbinas para aumentar a capacidade de geração em suas usinas. O objetivo da agência é garantir o atendimento da demanda no sistema interligado nacional durante o horário de pico - de 17h às 20h, mas com variações diárias. Nessa faixa de horário, o uso de eletricidade nas residências dispara, enquanto muitas indústrias ainda mantêm suas máquinas ligadas. Para atender o pico de demanda, tem sido cada vez mais frequente o uso da energia de usinas térmicas a gás e a óleo combustível, que são mais caras. Com isso, o consumidor paga encargos de serviços do sistema (ESS), que ficaram acima de R$ 1 bilhão nos últimos anos e chegaram ao recorde de R$ 2,3 bilhões em 2008. A ideia da Aneel é que a ampliação da capacidade permita gerar mais energia nos horários de pico, mas sem alterar a produção média das usinas, com algumas exceções. Ou seja, o que elas geram a mais no momento de demanda máxima deixam de produzir em outros horários, como durante a madrugada. Com isso, o uso atual dos reservatórios praticamente não muda. Um exemplo é o da usina São Simão, a maior da Cemig, com potência instalada de 1.710 MW. Segundo a Abrage, que reúne as geradoras, ela poderia ganhar mais 1.200 MW, mas só 40 MW seriam de forma constante. A área técnica da Aneel sugeriu que os recursos de ESS possam financiar os investimentos na repotencialização das hidrelétricas. Uma audiência pública será aberta hoje para receber, durante 30 dias, contribuições sobre o assunto. "Essa é uma forma de incentivar a inserção de unidades geradoras [em usinas] que já fizeram grande parte dos investimentos. No entanto, podem existir soluções melhores", diz Edvaldo Alves Santana, relator do processo na diretoria da agência. Custo de ampliar usinas é menor, diz setor A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pretende fechar, até o fim do primeiro semestre, as regras para incentivar os investimentos na ampliação da capacidade de usinas hidrelétricas existentes. O assunto é recebido com uma mistura de entusiasmo e preocupação no setor elétrico. A Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), que encaminhou à agência uma manifestação de interesse de nove associadas em expandir a potência instalada de suas usinas em 5.203 megawatts (MW), vê uma solução para atender à demanda nos horários de pico com investimentos muito menores aos que seriam necessários para a construção de hidrelétricas. O presidente da Abrage, Flávio Neiva, destaca que o custo da ampliação de capacidade será inferior - se financiado por Já os pesos-pesados da indústria e grandes consumidores livres demonstram receio com a possibilidade de arcar indiretamente com esses investimentos. A sugestão da área técnica da Aneel é usar os recursos do Encargo de Serviços do Sistema (ESS), que ajuda a pagar o custo de funcionamento das usinas termelétricas, para financiar a ampliação de capacidade. Como o objetivo da agência é que o aumento da potência instalada sirva para diminuir o uso das térmicas nos horários de pico, a ideia é que esses recursos sejam alocados na instalação de turbinas. A estimativa da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) é de que a conta do ESS fique em pelo menos R$ 1,1 bilhão neste ano, atingindo o menor patamar desde 2009. O problema, segundo a Abrace, é que os grandes consumidores costumam fechar contratos de longo prazo diretamente com as geradoras, nos quais já pagam pela demanda apresentada no horário de pico. "As grandes indústrias já privilegiam contratos de longo prazo de energia, com previsão de demanda máxima. É inadequado que elas paguem duas vezes pela mesma conta", diz o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa. Embora reconheça que o objetivo da Aneel é bom, ele não concorda com o uso do ESS como forma de viabilizar os investimentos. Edvaldo Alves Santana, diretor que relata esse processo na agência, acha imprescindível receber contribuições públicas sobre o assunto e considera a possibilidade de leilões específicos para a escolha dos projetos de repotenciação "mais atrativos". |
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