CCEE busca aval dos associados e prevê contrato até o dia 25
Luiz Barata, presidente da CCEE: "A liquidação depende substancialmente de concluirmos esse financiamento". 11/04/2014 O presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Luiz Eduardo Barata, prevê uma aprovação "contundente" de seus associados ao empréstimo de R$ 11,2 bilhões para socorrer as distribuidoras e evitar um aumento ainda maior das contas de luz neste ano. A operação financeira deverá ser concluída até a próxima quinta-feira, segundo o executivo, e uma assembleia geral foi marcada para o 22 de abril. Se o financiamento for realmente aprovado, como prevê Barata, a CCEE assinará o contrato com os bancos no dia 24 ou 25. Três dias depois, será feita a liquidação de despesas das distribuidoras referentes ao mês de fevereiro, que o mercado estima em R$ 4 bilhões. Em entrevista ao Valor, Barata apresentou os próximos passos da operação e deixou clara a intenção de se empenhar pessoalmente na tentativa de obter aval dos associados da CCEE, uma espécie de "condomínio" de empresas do setor elétrico. "Como somos uma associação privada e sem fins lucrativos, precisamos da aprovação da assembleia para contratar o financiamento", afirma. O sinal verde requer maioria simples das empresas, cujo peso na entidade obedece à quantidade de energia comercializada. As representações das distribuidoras, que têm interesse direto em resolver o assunto, e da Eletrobras somam 46% dos votos. Apesar de isso já lhe dar praticamente a certeza de aprovação do empréstimo, Barata ressalta que quer "o máximo de transparência" e espera um forte aval dos associados. "É extremamente importante ter uma participação forte e uma aprovação contundente. Sempre tem alguém contra e pode ser que não haja unanimidade. Mas montamos uma operação robusta, com respaldo legal, e forte participação de instituições privadas. A partir do momento em que fechamos um desenho blindando os associados, com garantias de recebimento, me sinto confortável para defendê-la", afirma o executivo. Barata não afasta a possibilidade de negociar mais recursos com os bancos, caso o valor discutido até agora não seja suficiente para cobrir todos os gastos das distribuidoras com o acionamento das térmicas e a exposição ao mercado de curto prazo, dependendo do resultado do leilão especial de energia que o governo fará no dia 30 de abril. "Eu não descarto essa hipótese. Se for necessário um complemento do empréstimo, isso será discutido", diz Barata, pedindo a ressalva de que isso ainda não foi objeto de conversas com o governo. Ele não confirma, mas fontes próximas às negociações com os bancos garantem que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal vão entrar com R$ 2,5 bilhões, cada um, no financiamento total. Bradesco e Itaú teriam acertado participação de R$ 2 bilhões cada. O Santander entraria com R$ 1 bilhão, aguardando autorização da matriz espanhola para fechar o negócio, e o restante seria dividido entre os demais bancos que integram a lista divulgada anteontem pelo Ministério da Fazenda. A remuneração deverá ser de CDI mais 1,9% por ano. O dinheiro do financiamento será liberado mês a mês para a CCEE. Para justificar seu otimismo em aprovar a operação financeira "quase por unanimidade", Barata destaca a importância do empréstimo para livrar o mercado do risco de inadimplência na liquidação dos contratos de compra e venda de energia. "A liquidação depende substancialmente de concluirmos esse financiamento", diz o presidente da CCEE. "O ideal é que os nossos reservatórios estivessem cheios e não precisássemos gerar energia térmica. Mas tivemos que buscar uma solução. E a solução encontrada foi a de nos autorizar um financiamento. A nossa missão é viabilizar o funcionamento do mercado e estamos fazendo isso."
Fonte: Valor Econômico |
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