Geradoras de energia enfrentam prejuízos causados pela falta de chuva
O motivo é que as usinas estão produzindo menos energia do que têm obrigação de repassar para as distribuidoras.
16/09/2014

Depois das distribuidoras, agora são as geradoras de energia que enfrentam os prejuízos causados pela falta de chuva. As empresas se endividaram para cumprir os contratos e não deixar faltar energia para o consumidor.

Para ter uma dimensão do tamanho do problema, é preciso entender como funciona o sistema elétrico. A luz que chega à casa da gente vem das distribuidoras que pegam energia das geradoras, as usinas hidrelétricas. A crise vem atingindo todos esses setores. O rombo das geradoras pode chegar a quase R$ 20 bilhões até o fim do ano.

Só este mês, as geradoras de energia hidrelétrica dizem que vão arcar com prejuízo de cerca de R$ 4 bilhões. O motivo é que as usinas estão produzindo menos energia do que têm obrigação de repassar para as distribuidoras. Funciona assim: as distribuidoras que são as empresas que fornecem energia elétrica para o consumidor contratam uma determinada quantidade de energia com as geradoras. Elas não podem deixar de entregar a quantidade contratada. O que está acontecendo é que, com a seca, as hidrelétricas não conseguem produzir tudo o que foi comprado pelas distribuidoras. Para compensar, têm, então, que comprar energia das térmicas, muito mais cara.

No segundo semestre do ano passado, as usinas geraram mais energia do que a quantidade que tinham que entregar às distribuidoras. A situação começou a mudar em janeiro. As geradoras produziram 3,6% a menos que a quantidade de energia contratada. Em maio, essa diferença pulou para 6,3%. Em junho, saltou para 11% e, no mês passado, esse descasamento entre a energia gerada e a quantidade entregue às distribuidoras atingiu 15,6%.

O mapa, segundo o especialista Cristopher Vlavianos, foi feito por ele com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Cristopher explica que a energia comprada para suprir essas diferenças é negociada no chamado mercado à vista, com valor muito alto. Esta semana está acima de R$ 700 o megawatthora. Ele faz uma estimativa desse custo até o fim do ano.

"O custo desse ajuste acaba ficando muito alto. Com isso, a previsão de que os geradores vão ter que arcar com um custo esse ano perto de R$ 20 bilhões”, afirmou Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia.

As usinas não são autorizadas a repassar esse custo para a conta do consumidor final. Ninguém do governo nem da Aneel quis gravar entrevista. Os técnicos dizem que as dificuldades enfrentadas este ano fazem parte do risco do negócio das geradoras.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia diz que há fatores que deveriam ser excluídos do risco próprio das hidrelétricas. E que as usinas vão tentar uma negociação com o governo.

"Esse montante de geração termelétrica não é previsto pelos geradores hidrelétricos. Então esta é uma das parcelas que nós pretendemos que seja expurgada da composição desse valor”, disse Flávio Neiva, presidente da Abrage.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas Geradoras, a crise das geradoras deve se prolongar até o primeiro semestre do ano que vem. Segundo a Associação, logo que o período de chuva começar, as usinas terão que continuar produzindo menos porque precisam aguardar os reservatórios ficarem cheios.

 

'Não é só a falta de chuvas', diz Miriam sobre prejuízo das geradoras
Para comentarista, a regulação do setor energético prejudica as empresas geradoras. Provavelmente, as empresas vão ser resgatadas pelo Tesouro.


O Bom Dia Brasil vem mostrando os prejuízos das empresas de energia com a falta de chuva. Há um novo prejuízo, agora com as geradoras de energia.

Não é só falta de chuvas a causa desses problemas, mas também a regulação que prejudica as empresas. Gerenciamento. A gente sempre fala dos problemas das distribuidoras, aquela empresa que você conhece, para a qual você paga a conta de luz.

As empresas que geram energia estão com outro tipo de problema. Elas recebem a ordem da ONS para gerar tudo o que elas podem gerar. O problema é que se não tem água, elas não conseguem gerar tudo. Mas, o preço que elas recebem foi reduzido pelo governo. E elas têm que comprar a R$ 700 e vender a menos de R$100, muitas vezes. Então, elas ficam com esse buraco.

Só que as distribuidoras, aquelas para a qual você paga a conta, elas receberam uma garantia do governo dizendo que elas podem repassar para as tarifas. As geradoras não têm a mesma garantia. Elas têm que ficar com esse prejuízo. Mas elas não têm culpa deste descasamento. Criou-se uma situação. Se falar: elas que se virem porque é o risco do negócio, elas podem não ter capacidade de continuar gerando, têm dificuldades financeiras profundas. Tem que se encontrar alguma solução.

No fim das contas, quem vai pagar esse prejuízo?
Você tem dois bolsos. As distribuidoras você vai pagar com um bolso. Já está escrito lá que vai passar para a conta de luz do ano que vem e dos outros anos. Esse é o bolso do consumidor.

O outro bolso é o do contribuinte, o que você paga de imposto. Provavelmente, essas empresas vão acabar sendo resgatadas pelo Tesouro Nacional com o nosso dinheiro. Se elas não conseguirem gerar, pior para todo mundo. É um bolso ou outro, você pode escolher.

 

Fonte: TV Globo Bom Dia Brasil