Com preço maior, segundo leilão solar têm concorrência e volume alto
No Leilão de Energia de Reserva realizado em 28/08, foram contratados 1.043 megawatts-pico (MWp)
31/08/2015

VALOR - A disparada do dólar levou a um aumento expressivo no preço da energia solar, mas o preço-teto mais elevado oferecido pelo governo conseguiu viabilizar a contratação de mais um volume elevado da fonte no país. No Leilão de Energia de Reserva (LER), realizado na sexta-feira, foram contratados 1.043 megawatts-pico (MWp), repetindo o volume comercializado no primeiro certame para fonte, realizado em outubro.

O preço médio, no entanto, foi bem maior. Ficou em R$ 301,79 por megawatt-hora (MWh), com deságio de 13,5% em relação ao preço máximo, mas 40% acima do registrado no leilão de outubro. A elevação de 33% sobre o preço-teto do certame anterior tinha sido comemorada por agentes do setor, já que o dólar disparou no período e cerca de 80% dos custos dos equipamentos para os parques solares são denominados em moeda americana.

Especialistas apontavam que, com o patamar de preço oferecido, era possível importar equipamentos, sem necessidade de acesso ao crédito subsidiado do BNDES, que exige conteúdo nacional.

Nesse contexto, os estrangeiros tiveram participação relevante. O destaque ficou por conta da italiana Enel, que vendeu 14 dos 30 projetos arrematados e que devem exigir R$ 2,52 bilhões em investimentos, mais da metade dos R$ 4,34 bilhões que foram licitados no certame.

Os fabricantes de painéis solares também marcaram forte presença. Uma parceria entre a espanhola Solatio e a chinesa Canadian Solar levou cinco projetos, com R$ 641 milhões em investimentos previstos, em Minas Gerais. Já a joint venture entre a brasileira Renova e a produtora americana SunEdison vai investir cerca de R$ 225 milhões para erguer dois projetos na Bahia. Os parques devem ser entregues em agosto de 2017.

Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, a participação de grandes empresas é natural, na medida em que elas têm ganhos de escala. "Vai chegar um momento em que haverá espaço para as empresa menores. A vantagem de ter os grandes é que dá tranquilidade de que o parque vai ser construído e não haverá derrapagem no processo", afirmou em entrevista coletiva.

De acordo com ele, o leilão surpreendeu positivamente, já que, em média, a energia saiu a US$ 85 por MWh, um dos menores preços considerando-se o cenário internacional e abaixo dos US$ 88 por MWh do primeiro leilão, de outubro. Tolmasquim reafirmou que o governo pretende realizar pelo menos um leilão de energia solar por ano. "Vamos dar tranquilidade para os investidores e fabricantes de que podem instalar unidades aqui, que terá demanda de equipamentos para eles", garantiu.

Por Natalia Viri