Migração para mercado livre atinge recorde
Coluna Marcado Aberto
23/03/2016

Folha - 21/03/2016  - Nos próximos seis meses, 878 empresas devem aderir ao mercado livre de energia, em que grandes consumidores, como fábricas e shoppings, podem escolher o fornecedor de luz e acertar o preço em uma negociação.

Hoje, há 1.929 clientes dessa modalidade. As empresas que já assinaram contratos e se preparam para mudar nos próximos meses representam um aumento de 45%.

É uma migração recorde, diz Rui Altieri Silva presidente do conselho da CCEE (câmara de comercialização). "Começou no último trimestre de 2015 e acentuou-se bastante neste começo de ano."

A diferença dos preços nos mercados livre e cativo explica a mudança.

Os contratos entre fornecedores e clientes que podem negociar giram em torno de R$ 65 por MWh -a esse valor, somam-se cerca de 20% pela distribuição e impostos.

Nas distribuidoras, o valor médio do preço era de R$ 390 em dezembro, que é o dado mais recente da Aneel.

A diferença é a mais alta da história, diz Joisa Dutra, diretora do centro de regulação em infraestrutura da FGV.

"As distribuidoras do mercado regulado se endividaram depois da tentativa do governo de baixar as tarifas. Em 2015, o então ministro Joaquim Levy parou de segurar a tarifa para conter a inflação. Não há por que diminuir."

No mercado livre, a recessão derrubou a demanda de grandes consumidores e criou sobreoferta de energia.

"O preço é volátil porque varia com as chuvas, e os reservatórios estão cheios", diz Reginaldo de Medeiros, da entidade de comercializadores de energia livre.

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Perdeu o gás

O consumo de gás natural no país caiu 13,8% em janeiro deste ano, em relação ao mesmo mês de 2015.

A queda foi resultado da menor demanda das indústrias. Afetado pela crise, o setor consumiu 13,38% menos no primeiro mês de 2016, segundo a Abegás, associação do setor.

Outro fator que contribuiu para o recuo no começo do ano foi a diminuição de 20,33% do uso pelas usinas termoelétricas, com a recuperação das hidrelétricas.

A utilização de gás nas residências, por sua vez, cresceu 13,92%, resultado da expansão das redes distribuidoras pelo país.

Como o volume total do consumo residencial é pequeno diante dos demais, a alta não foi suficiente para impedir o mau desempenho no início deste ano.

[Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial. Escreve diariamente, exceto aos sábados.]