Redução do volume de água nos rios prejudica geração no NE
Falta de água compromete também a operação de UTEs 04/08/2016 Valor - A redução do volume de água nos rios da região Nordeste tem gerado despesas para o sistema elétrico que não eram consideradas anteriormente pelas autoridades do setor. O agravamento da situação no Ceará, por exemplo, levou o Operador Nacional do Sistema (ONS) a fazer o alerta sobre a restrição no funcionamento de usinas térmicas, principal alternativa à geração hídrica. Durante a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), técnicos do ONS informaram que há dificuldade de manter em operação as térmicas de Pecém 1 e 2, que dependem da disponibilidade de água para funcionar. Com restrições na operação das usinas cearenses, o sistema terá custo extra de R$ 750 milhões até o fim do ano. Os recursos serão usados para substituir a capacidade de 1.080 megawatts (MW) das duas plantas de geração. O gasto será repassado para as tarifas pagas pelos consumidores. Para tratar da questão, o CMSE decidiu criar um grupo de trabalho para aprofundar a análise sobre o assunto. Representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) disseram que já estão estudando o assunto e vão apresentar ao grupo as conclusões das avaliações em curso. A preocupação com o tema levou o comitê a chamar o secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Francisco José Teixeira, para fazer uma apresentação sobre a real situação hídrica do Estado. Segundo o secretário, os reservatórios, que representam 95% da capacidade de reserva hídrica do Estado, estão com nível abaixo de 30% devido à situação climática desfavorável dos últimos anos. Ontem, O CMSE informou que o nível do reservatório da usina Sobradinho (BA), da Chesf, pode atingir 2% no fim de novembro. Conforme informou o Valor na terça-feira, o agravamento da situação tem levado os órgãos de governo a autorizarem a redução na vazão de água da usina a limites inferiores ao estabelecido na regulamentação. A baixa no nível do reservatório também é percebida na hidrelétrica de Tucuruí, no Estado do Pará. Apesar de descartar risco de qualquer desabastecimento de energia no país em 2016, o comitê de monitoramento reafirmou que ainda poderá ser necessário manter o despacho térmico por garantia de suprimento nas regiões Nordeste e Norte para preservar os estoques de água das hidrelétricas Tucuruí e Sobradinho e garantir que sejam operadas com "critérios de segurança adequados". Por Rafael Bitencourt |
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