Projetos de geração 'parados' devem ser revistos
Com base em estudos, o MME terá uma ideia melhor do volume a ser contratado nos leilões de energia de reserva 31/08/2016 Valor - O governo está refazendo os estudos de planejamento do setor elétrico para identificar os projetos de geração e transmissão contratados em leilões anteriores e que não deverão sair do papel. Com base nesses números, o ministério de Minas e Energia (MME) terá uma ideia melhor do volume que poderá ser contratado nos leilões de energia de reserva (LER) deste ano. "Estamos refazendo o planejamento. Tem muita energia de papel que não necessariamente vai virar energia real. Estamos avaliando que empreendimentos são esses e identificar qual a real necessidade de mercado", disse ontem o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, no Brazil Wind Power, principal evento sobre energia eólica do país, no Rio. Questionado por jornalistas sobre a expectativa de demanda do LER marcado para 16 de dezembro, que contratará energia de fonte eólica e solar, Azevedo disse não poder informar o número para não interferir na competitividade do leilão. "A sinalização mais positiva [do governo] é a manutenção desse leilão. Em um ambiente de crise, em que sobra energia, estamos mantendo ele [o leilão]". O setor eólico pleiteia a contratação de 2 gigawatts (GW) de capacidade instalada de novos projetos por ano, para dar sustentabilidade à cadeia de fornecedores do segmento. No ano passado, porém, foram contratados apenas 1,1 GW. E, neste ano, não foi comercializado nenhum megawatt eólico até o momento. "O LER é um mecanismo de política. E ele tem que ser usado no momento de necessidade, que é agora. Acabamos de construir uma cadeia produtiva. E precisamos manter o sinal de investimentos. Estamos com 80% de nacionalização [de equipamentos]", disse a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum. O presidente no Brasil da dinamarquesa Vestas, maior fabricante mundial de equipamentos eólicos, Rogério Zampronha, estima que seja contratado um volume entre 1 GW e 2 GW no leilão de dezembro. "O leilão tende a ter um volume razoável [de demanda] para eliminar o risco sistêmico", afirmou. Estudo recente feito pela consultoria PSR, da qual o atual presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Barroso, foi diretor antes de assumir o comando da estatal, indica que do volume estimado de sobra contratual no sistema elétrico atual de 12,4 GW, apenas 3,4 GW são reais. Nesta semana, a fonte eólica atingiu a marca de 10 mil megawatts (MW) de capacidade instalada. Segundo a Abeeólica, a marca foi alcançada com a entrada em operação do parque Vila Pará II, do grupo francês Voltalia, em Serra do Mel (RN), com 24 MW. "Somos hoje 7% da geração de energia do país. Estamos espalhados em todos os Estados do Nordeste. E acabamos de atingir 10 gigawatts de parques em pé", afirmou Lauro Fiuza, presidente do conselho de administração da Abeeólica. Segundo a associação, além dos 10 mil MW instalados, há outros 8 mil MW de projetos eólicos contratados nos leilões de energia e que deverão entrar em operação até 2020. "Muito em breve a fonte eólica será a segunda maior fonte de energia da matriz elétrica nacional", disse Elbia. Por Rodrigo Polito |
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