PLD deve ficar perto de R$ 400/MWh até outubro
A projeção indica a continuidade do acionamento das bandeiras tarifárias
04/04/2017

Valor - O preço de liquidação das diferenças (PLD), referência das operações do mercado de energia de curto prazo, deve ficar próximo do patamar de R$ 400 por megawatt-hora (MWh) nos próximos meses, com redução apenas a partir de novembro, indicando a continuidade do acionamento das bandeiras tarifárias. As informações foram divulgadas ontem pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

A projeção de um PLD mais alto, combinado ao cenário hidrológico desfavorável, pode agravar ainda as previsões de custo para o risco hidrológico ao longo deste ano (medido pelo fator GSF, na sigla de inglês).

No caso das bandeiras tarifárias, as previsões indicam que continuarão sendo acionadas nos próximos meses do ano. A bandeira amarela é acionada sempre que o custo variável unitário (CVU) da termelétrica mais cara despachada é superior a R$ 211,28/MWh. No caso da bandeira vermelha patamar 1, vigente em abril, o acionamento acontece quando o CVU da térmica mais cara é superior a R$ 422,56/MWh. O PLD da primeira semana de abril foi fixado em R$ 426,10/MWh no Sudeste e Sul.

A tendência segue de elevação em maio, quando entram em vigor os novos parâmetros de aversão ao risco embutidos no cálculo.

Já a previsão para o GSF ficou pior para o ano, e deve ser, em média, de 16,6%, segundo a CCEE. A projeção anterior, de 15,5% de GSF, indicava um impacto financeiro de R$ 20,9 bilhões. Considerando a participação do mercado livre nesses contratos, de cerca de 33%, isso indicava um custo de R$ 6,7 bilhões com o GSF.

Em evento ontem, o presidente do conselho da CCEE, Rui Altieri, destacou ainda a inadimplência de algumas distribuidoras nas liquidações do mercado de curto prazo. Segundo ele, duas delas vão quitar suas dívidas na liquidação das operações de fevereiro nesta semana. Ele não quis revelar os nomes, mas são duas entre Ceron (RO), Cepisa (PI), e CEA (AP), segundo uma lista oficial da câmara.

O total da inadimplência das distribuidoras no mercado hoje soma R$ 296,7 milhões, provenientes de quatro empresas: Ceron, CEA, Cepisa e Eletroacre (AC). Essas dívidas são relativas ao mercado de curto prazo, além da liquidação da energia das usinas nucleares Angra 1 e 2, às cotas de energia de usinas renovadas pela MP 579, e à energia de reserva.

Por Camila Maia e Rodrigo Polito