Engie avalia compra da hidrelétrica Foz do Areia, da Copel
Usina tem 1.676 MW de capacidade instalada e é a maior do parque gerador da estatal paranaense
09/01/2020

Valor Econômico - 08.01.2020 - A Engie Brasil Energia (EBE, antiga Tractebel Energia), empresa brasileira controlada pelo grupo francês Engie, estuda a oportunidade de adquirir o controle da hidrelétrica Foz do Areia, da Copel, no Paraná. Maior usina do parque gerador da estatal paranaense, Foz do Areia possui 1.676 megawatts (MW) de capacidade instalada e está situada no rio Iguaçu, na altura do município de Pinhão.
O interesse da EBE se deve a um mecanismo criado por decreto publicado pelo presidente Jair Bolsonaro em novembro do ano passado. Com a medida, empreendimentos como Foz do Areia poderão ter a concessão renovada por mais 30 anos, desde que o projeto tenha o controle privatizado. A atual concessionária pode continuar sendo dona da usina, desde que com participação minoritária. A concessão de Foz do Areia se encerra em 2023.

"Foz do Areia tem essa possibilidade de antecipação [da renovação da concessão]. Vamos olhar. Temos todo o interesse", afirmou o diretor-presidente da EBE, Eduardo Sattamini, ao Valor. "Ao invés de ela [Copel] deixar a concessão expirar, existe um mecanismo legal para ela privatizar, vender 51% e, com isso, ter a extensão da concessão por 30 anos. Para ela é uma estratégia muito inteligente".

O executivo diz ser interessante formar uma possível parceria com a Copel para administrar a hidrelétrica, ficando com 51%. A elétrica paranaense ficaria com os outros 49%. "[A Copel] é uma empresa com uma gestão muito boa. É uma empresa séria. Temos uma interação muito positiva", completou Sattamini.

Depois de protagonizar a maior operação de fusão e aquisição da América Latina em 2019, com a compra de 90% da Transportadora Associada de Gás (TA G ), da Petrobras, em parceria com a controladora Engie e o fundo canadense Caisse de Dépôt et Placemente du Québec (CDPQ), por US$ 8,6 bilhões, a EBE encerrou o ano passado com a aquisição de um projeto de transmissão de energia de 1,8 mil km, entre o Pará e Tocantins, da indiana Sterlite, por R$ 410 milhões. A obra está prevista para começar neste ano.

Em relatório sobre a aquisição, o Credit Suisse destacou que a concessão possui R$ 313 milhões de receita anual permitida (RAP). O banco também indicou que o investimento necessário para a construção da linha pode elevar o nível de endividamento da EBE para três vezes a dívida líquida sobre o Ebitda. O Credit Suisse, no entanto, acrescentou não ver problema de pagamento de dividendos e de cumprimento de covenants pela EBE, após a aquisição.

Para 2020, além de avaliar a possibilidade de aquisição do controle de Foz do Areia, a EBE continua estudando outros projetos de transmissão e de geração de energia eólica. Em mais curto prazo, o foco da empresa será no processo de compra da fatia remanescente de 10% da Petrobras na TAG. A EBE, a Engie e o CDPQ já manifestaram interesse na compra dessa participação.

Na outra ponta, a empresa prevê realizar neste ano a venda dos seus ativos de geração a carvão. O processo envolve o complexo de Jorge Lacerda, de 857 MW, em Santa Catarina, e a usina de Pampa Sul, de 345 MW, no Rio Grande do Sul. "Esperamos ter alguma solução em 2020. Estamos em negociações em andamento", explicou Sattamini.

Em 2017, o processo chegou a evoluir para uma negociação com exclusividade com a britânica ContourGlobal. No ano seguinte, porém, as negociações não avançaram e foram encerradas.

Maior geradora privada de energia do país, a EBE possui cerca de 10,5 mil MW de capacidade instalada. Desse total, são 8,1 mil MW de hidrelétricas, 1,2 mil MW de termelétricas e 1,1 mil MW de outras fontes, principalmente eólica.