Governo aprova contratar térmicas para reforçar sistema elétrico também em 2022
Especialistas do setor temem ainda mais pressão sobre as contas de luz, já que as usinas térmicas tendem a ser mais caras do que fontes renováveis 10/09/2021 Valor Econômico - 09.09.2021 - A Creg (Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética) aprovou nesta quinta-feira (9) a contratação de usinas térmicas para reforçar a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras entre 2022 e 2025. Segundo o MME (Ministério de Minas e Energia), a contratação se dará por "procedimento competitivo simplificado", conforme previsto na MP (medida provisória) que criou a câmara de gestão da crise. Isso significa que não devem seguir as regras de leilões de energia do governo. "Já estamos pensando no atendimento para 2022", disse, em entrevista ao programa "A voz do Brasil", o secretário de Energia Elétrica do MME, Christiano Vieira da Silva. "A perspectiva é que teremos ao final de novembro os reservatórios em níveis muito baixos e não podemos contar apenas com chuvas." Nesta quarta (8), os reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, a caixa d'água do setor elétrico brasileiro, estavam com 19,59% de sua capacidade de armazenamento de energia. A perspectiva é que terminem setembro em 15,62%. "Mantém-se o cenário de atenção, com projeção de poucas chuvas em montantes relevantes nos próximos meses", afirmou o MME, em comunicado sobre a reunião da Creg nesta quinta. A opção pela contratação de mais térmicas, diz, foi tomada após avaliação sobre o cenário para os próximos anos. Atualmente, as usinas térmicas representam cerca de 30% da energia gerada no país. O elevado uso dessa fonte levou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a criar uma taxa de escassez hídrica sobre a conta de luz, com a cobrança de R$ 14,20 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos. Antes, o consumidor estava pagando R$ 9,49 por 100 kWh, valor equivalente à bandeira vermelha nível dois. A Aneel justificou a alta dizendo que o valor anterior não conseguia cobrir todos os custos das térmicas acionadas para enfrentar a crise hídrica. Preocupação com a inflação - Como a energia das novas contratações deverá ser entregue em 2022, terá que vir de usinas já prontas, mas ainda sem contrato. O governo já vem acionando algumas dessas usinas, como a William Arjona, a mais cara do país, com tarifa de R$ 2.443 por MWh (megawatt-hora). Por isso, o temor do mercado com relação aos impactos na conta de luz provocados pela extensão da contratação de usinas disponíveis para além de 2021. A tarifa de energia tem sido um dos principais impulsionadores da escalada inflacionária no país. Em nota divulgada na sexta (3), o MME disse que a contratação preventiva e antecipada dessas usinas ajudará a garantir os menores custos e "contribuirá com a garantia do atendimento e elevação estrutural dos níveis de armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas". Na reunião desta quinta, a Creg decidiu também simplificar procedimentos de outorga para a contratação de térmicas ainda este ano e garantir condições para operação da térmica GNA 1, no norte do Rio de Janeiro, que tem capacidade de 1.338 MW. Por Nicola Pamplona |
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