Ao garantir permanência de Silveira no governo, Lula oficializa ministro de Minas e Energia como cota pessoal
Presidente chamou Silveira de 'extraordinário' em entrevista nesta manhã e disse que 'não há porque mexer' na pasta
10/02/2025

Valor Econômico - 05.02.2025 | O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) garantiu, nesta quarta-feira (5), que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), está a salvo da próxima reforma ministerial, prevista para acontecer em março. A informação foi dada durante entrevista concedida a rádios de Minas Gerais.

"Eu tenho três ministros do PSD, incluindo o Alexandre Silveira, que é extraordinário. [...] Ele [Alexandre Silveira] será mantido ministro, não há porque mexer. Ainda vou discutir muito com o PSD porque não tenho pressa de fazer nenhuma reforma", disse Lula.

A decisão do presidente, no entanto, tem uma consequência prática. Com esse movimento, Lula oficializa Silveira como um dos auxiliares que serão tratados, a partir de agora, como ministro da "cota pessoal" do governo, e não alguém indicado pelo Senado, grupo político que levou o mineiro à Esplanada dos Ministérios. Essa é a interpretação de parlamentares e assessores ouvidos pelo Valor.

O desgarramento entre Silveira e o Senado Federal já era algo falado nos bastidores de Brasília. Isso porque, há algum tempo, os senadores acreditam que o ministro de Minas e Energia deixou de representar os interesses da Casa dentro governo. Esse distanciamento se deve, principalmente, porque Silveira não teria levado à frente indicações dos senadores para cargos estratégicos, como nos casos dos conselhos de administração da Vale e Petrobras.

A afirmação do presidente é significativa, porém, porque esse distanciamento entre o Senado e Alexandre Silveira vinha colocando o ministro do MME como um dos principais alvos da próxima reforma, inclusive dentro do próprio governo. Integrantes da articulação política de Lula falavam abertamente, nos corredores do Planalto, sobre a possibilidade de Silveira entrar na "dança das cadeiras", algo que agora está descartado.

Diante desse quadro, o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, já fez chegar ao governo o interesse do Senado, como instituição, de fazer uma nova indicação de ministro para a gestão petista. Isso implica, consequentemente, que Lula terá o desafio de encontrar um novo espaço para um aliado de Alcolumbre, sem retirar Silveira da cadeira.

Por Renan Truffi

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