Venda do controle da Aliança estava nos planos, diz CFO da Vale
Concluída a transação, a mineradora deve ficar com 30% e vender 70% da sociedade para a GIP, em operação estimada em US$ 1 bilhão 10/04/2025 Valor Econômico - 07.04.2025 | A decisão da Vale de vender 70% da Aliança Energia para a gestora Global Infrastructure Partners (GIP), anunciada na semana passada, foi tomada como forma de reduzir a exposição da empresa a um setor que não é a atividade-chave dela, disse ao Valor Marcelo Bacci, vice-presidente de finanças e relações com investidores da mineradora. Na visão da companhia, a GIP é a parceira ideal para otimizar a gestão dos ativos da Vale na área de geração de energia elétrica. Uma vez concluída a transação, a Vale deve ficar com 30% e vender 70% da sociedade para a GIP em uma operação estimada em cerca de US$ 1 bilhão (R$ 5,8 bilhões pelo câmbio de sexta-feira). A transação está sujeita às condições precedentes usuais, incluindo a anuência ou aprovação dos órgãos regulatórios competentes. A Vale é uma das maiores consumidoras de energia elétrica do país e tem no modelo de autoprodução uma saída para garantir fornecimento com menos riscos de preços. A Aliança Energia era uma joint venture formada com a estatal mineira Cemig para abrigar usinas que atenderiam as duas empresas. Em março de 2024, a Vale comunicou a compra de 45% da participação da Cemig na Aliança Energia por R$ 2,7 bilhões. O negócio foi concluído em outubro, quando a mineradora passou a ter 100% da empresa. Na semana passada, a mineradora anunciou que fechou acordo com a GIP para criar uma joint venture na Aliança Energia. Bacci diz que, quando foi anunciada a aquisição da fatia da Cemig na Aliança, já havia o objetivo de se desfazer de parte do negócio. No comunicado divulgado no dia 31 de março, a Vale informou que a transação com a GIP garante volume estratégico de geração de energia para manter a matriz elétrica da mineradora, que é 100% baseada em fontes renováveis no Brasil. Acrescentou que o negócio assegura ainda custos de energia competitivos, com preços definidos em dólares e sem ajuste de inflação. Bacci afirma também que é importante para a Vale ser acionista da Aliança Energia, mas não é fundamental ser controladora do negócio, uma vez que a empresa precisa ter posição acionária e contratos de longo prazo. “A Cemig resolveu vender. Não queríamos perder o controle do ativo e da energia que ele gera, então o nosso objetivo foi comprar e, em um segundo momento, buscar o sócio ideal”, diz Bacci. O executivo afirma ainda que a Aliança Energia reúne ativos que pertenciam à joint venture ou à Vale, como o parque solar Sol do Cerrado, o consórcio Candonga, seis hidrelétricas em Minas Gerais, e três parques eólicos no Rio Grande do Norte e no Ceará. Ao todo, a Aliança terá 2.189 megawatts (MW) em capacidade instalada e 1.003 MW médios de garantia física. Controlada pela BlackRock, uma das principais investidoras institucionais do mundo, a GIP possui no Brasil cerca de 1 gigawatt (GW) em usinas por meio da Atlas Renewable Energy, mas esses ativos não farão parte da Aliança Energia, de acordo com Bacci. O executivo destaca ainda que, em 2023, a Vale atingiu a meta de ter 100% do consumo por fontes renováveis, o que vai continuar nos próximos anos. Manter essa condição, disse, requer ter um “parceiro forte”. Procuradas, BlackRock e GIP não comentaram a operação. Bacci, por sua vez, projetou a importância da Aliança e da parceria com a GIP para a mineradora. “Temos projetos de crescimento para o futuro e eles podem demandar mais energia renovável. A Aliança será nosso veículo principal para fazer isso, juntamente com o novo sócio, que além de conhecimento do setor, também tem capacidade de investimento.” A saída da Cemig da Aliança Energia começou a ser desenhada quando a estatal mineira estruturou um plano de desinvestimentos para reduzir dívidas e concentrar esforços em negócios considerados estratégicos, como a distribuição. Com isso, colocou à venda participações na Light e na empresa de geração renovável Renova Energia, entre outros ativos. A Cemig ainda tenta vender sua participação em Belo Monte e na empresa de transmissão de energia Taesa, na qual é sócia com a colombiana Isa. A Aliança Energia detém ainda a hidrelétrica Risoleta Neves, conhecida como Candonga, que foi afetada pelo rompimento da barragem de Mariana, da Samarco, em 2015. O acidente levou rejeitos de mineração para o reservatório da hidrelétrica, o que inviabilizou o funcionamento da usina por sete anos. A hidrelétrica retornou à operação em 2022. Por Fábio Souto Link da publicação original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2025/04/07/venda-do-controle-da-alianca-estava-nos-planos-diz-cfo-da-vale.ghtml |
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