H2 verde usa quase um terço de água em relação ao azul, mostra relatório

H2 verde usa quase um terço de água em relação ao azul, mostra relatório
Documento aponta que combustível produzido a partir de fontes renováveis deve ser priorizado para minimizar ameaças à segurança hídrica
20/12/2023

CanalEnergia – 18.12.2023 | A produção do hidrogênio verde utiliza quase um terço a menos de água por quilo do que o H2 azul, feito a partir de gás natural com captura parcial de carbono e armazenamento (CCS). O dado integra uma análise da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) e da Bluerisk, especialista global em avaliação e gestão de riscos hídricos. O estudo recomenda que as usinas de produção de hidrogênio alimentadas por combustíveis fósseis sejam aposentadas em todo o mundo.
Paradoxalmente, um projeto de lei recém-aprovado na Câmara dos Deputados visa a regular esse setor que mal começou no Brasil, mas admite o uso de UTEs a gás natural para produzir H2. O texto será analisado pelo Senado. O relatório Water for Hydrogen Production mostra que a demanda global hídrica para o vetor energético está programada para mais que triplicar até 2040 e aumentar seis vezes até 2050. De longe, o tipo que mais precisa do recurso é o feito a partir do carvão com sistemas de captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês), que tem uma intensidade de água mais de duas vezes superior à do hidrogênio verde.
“Sistemas de captura e armazenamento de carbono podem fazer com que a demanda de água para a produção de hidrogênio atinja níveis alarmantes. Adicionar CCS a uma usina de carvão que produz aproximadamente 230 quilotoneladas de H2 anualmente exigiria um volume de água que poderia sustentar toda a população de Londres por meio ano”, explica o diretor da Bluerisk, Tianyi Luo.
O levantamento recomenda que considerações sobre a água sejam integradas ao planejamento de hidrogênio e à aprovação de projetos, visto que mais de um terço dos projetos planejados ou em operação de produção de H2 verde e azul já estão localizados em regiões altamente suscetíveis à escassez hídrica, correndo o risco de interrupções e incertezas relacionadas a regulamentações ambientais se a demanda de água não for gerenciada adequadamente. É o caso do Nordeste, onde há diversos planos de instalação de plantas do insumo.
Segundo o documento, cerca de 2,2 bilhões de metros cúbicos de água doce são retirados anualmente para a produção global de hidrogênio, sendo a água utilizada como insumo e meio de resfriamento em todos os tipos de produção. Isso representa 0,6% do total de água doce retirada pelo setor de energia. O H2V, produzido por meio da eletrólise, apresenta em média cerca de 17,5 litros por quilo de hidrogênio produzido. Em seguida, vem a eletrólise alcalina, com uma intensidade de consumo de água de 22,3 litros por quilo de H2.
A molécula azul, produzida por reforma a vapor de metano com captura, utilização e armazenamento de carbono (SMR-CCUS), possui uma intensidade de consumo de água de 32,2 litros por quilo de hidrogênio produzido. Já o H2 gerado através da gasificação de carvão tem um requisito de retirada de água de cerca de 50 litros por quilo e consome em média 31 litros por quilo, aproximadamente o dobro dos requisitos de retirada e consumo de água do PEM. Com a adição de CCUS, esses requisitos podem aumentar ainda mais para 80,2 e 49,4 litros por quilo, respectivamente.

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