‘Curtailment’ foi mais intenso nas usinas solares, chegando a 34,8%, e a 22,9% nas eólicas
Estadão Broadcast – 02.10.2025 | Em setembro, os cortes de geração de energia no Brasil, conhecidos como curtailment, bateram recorde e chegaram a 6.640 megawatts médios (MWmed), um aumento de 14% em relação a agosto. Esses cortes ocorrem quando as usinas geram energia, mas não conseguem entregá-la ao sistema. A empresa Volt Robotics, especializada em dados e análises do setor elétrico, comparou esse volume ao de uma vez e meia o que pode ser comercializado pela hidrelétrica de Belo Monte.
As usinas solares foram as mais afetadas, com 34,8% de sua geração cortada, seguidas pelas eólicas, com 22,9%. A Volt Robotics apontou que o principal motivo foi o aumento nas interrupções energéticas, causadas pela dificuldade de distribuir a energia para onde há demanda. Também houve crescimento nos cortes por confiabilidade, ligados a falhas em equipamentos fora das usinas. Em contrapartida, diminuíram os cortes por falhas no sistema de transmissão.
Donato Filho, diretor-presidente da Volt Robotics, classificou a situação como “calamitosa” e alertou que pode piorar em 2026 com mais feriados prolongados, quando o consumo de energia, principalmente da indústria, cai bastante. Como a geração solar é mais forte em dias ensolarados, feriados com sol acentuam o problema, já que há excesso de energia e pouca demanda.
O curtailment tem gerado grandes prejuízos para empresas de energia, principalmente as que operam com fontes renováveis. Segundo Wilson Ferreira Jr., da Matrix Energia, isso ameaça o equilíbrio do setor e pode afastar investidores. Um grupo do governo federal estuda soluções, e o Operador Nacional do Sistema (ONS) prometeu apresentar uma proposta em até um mês.